sexta-feira, 26 de novembro de 2010

invista direito!

O 2 de Ouros emerge do Tarot como arcano conselheiro para este seu momento de vida, Lucas. A idéia aqui é clara: faça coisas diferentes, permita-se à mudança, compreenda a fase atual como interessante para toda e qualquer reciclagem. Aprimorar a si mesmo significa pôr-se em movimento e até mesmo gastar algum dinheiro com cursos, viagens ou coisas necessárias à dinamização da própria vida. Encare a si como seu próprio e mais importante investimento, Lucas. Procure administrar bem seu dinheiro, canalizando-o para algum investimento sólido e positivo, pois os resultados e retornos são favoráveis. É a partir de um melhor equilíbrio financeiro que todo o resto da sua vida se harmonizará mais, até mesmo áreas mais abstratas como a espiritual e a afetiva.

Conselho: Investir em si é um investimento seguro.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vagamundo

Meu coração vagabundo, que perde a esperança de um dia ter tudo, mas que ainda será maior do que é. Meu coração já de adulto, cheio de lembranças de amores, de dores, de vultos que teimam em não deixar os meus sonhos em nuvens azuis. E os meus olhos, antes cheios de brilhos, estão mais opacos, mas ainda refletindo o que passou por aqui.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Que não seja a do seu olhar


"Dai-me uma dor que sirva para eu acordar".
"A pesar de todo, constituía casi un placer sufrir estos tormentos. Había vegetado tanto tiempo, ciego e insensible, y mi corazón había callado tanto tiempo, empobrecido y arriconado, que esta autoacusación, este horror, todo este sufrimiento espantoso del alma, eran un alivio. Eran al menos sentimientos, sentimientos ardientes en los que latía un corazón. Desconcertado, sentí en medio de la miseria algo así como una liberación y una nueva primavera".

Demian, de Hermann Hesse.

Agora é assim

Sempre optei pela simpatia. Não é falsidade, é tentativa de manter um clima saudável, ser aceito. Tenho meu jeito fechado. Ou bipolar, como escutei esta semana. Não faço cara de grandes amigos quando conheço, mas, principalmente de uns tempos para cá, tento não estar tão distante.

Perdi um pouco do medo do novo. Sobrevivo bem entre estranhos, mesmo com o silêncio. Venho fazendo o esforço pessoal de buscar a sociabilidade. Necessário para quem trabalha diariamente com o intuito de arrancar informações, novidades das pessoas. Foi uma tarefa árdua essa mudança de parâmetros. E uma tarefa mais do que necessária para as modificações que aqui borbulham.

Nesse viés, também busco exorcizar a mera simpatia para os que já mostraram não merecê-la. Sabe aquele lampejo de “só vou gostar de quem gosta de mim”? É mais ou menos isso. Ou vou continuar a gostar, mas mantendo a distância necessária para não me machucar. Porque já deu de levar tanta tapa na cara.

“...este meu breve texto seria apenas a confissão de uma emoção, a impressão de quem não sabe senão do gosto de converter a vida numa infinita escuta”. Mia Couto

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


Daqui.

É, sempre tive

Sempre tive sorte.

Sorte de ter nascido em uma família de classe média. Não precisei estudar em escola pública, trabalhar antes do tempo, sentir fome real. Tive festas de aniversário, férias em praias, dinheiro para as saídas, base para fazer meu futuro. Casa grande e pequena, cachorro, jardim na sala, passarinho perto da janela, escritório, três salas ou sala para dois ambientes, quarto para três e quarto para um.

Passei no primeiro ano de vestibular, em uma faculdade pública. Consegui estágios remunerados, fiz três cursos de língua, sonhei com cinema, jornal, internet. Tive dinheiro para xerox, bares, comprar livros. Coca, chocolate e filme no cinema. Teatro e shows. Estava com roupa nova na colação de grau, e ganhei um jantar de comemoração para amigos e familiares.

Consegui meu primeiro emprego um dia após apresentar meu projeto de conclusão de curso. Apesar dos problemas no caminho, só fiquei desempregado durante quatro meses, por opção. Apesar de salários, em minha opinião, não condizentes que o ofício, consegui obter o suficiente para o sustento de quem ainda mora na casa dos pais. E poupei o possível vislumbrando um futuro.

Sempre fui amado. Ganhei beijos e dormi abraçado com os primos, independente do sexo – e sem frescura ao ler isso, por favor. Recebi declarações de amor rasgadas dos tios. Os primos, mais uma vez, sempre me exaltaram – os tios também. Em casa, apesar da distância com os irmãos, sempre houve respeito – tirando a fase de piralha, né! O apoio dos pais sempre existiu. A cumplicidade com a minha mãe ainda perdura.

Até amigos sempre tive. Posso não ter trazido os primeiros para os dias atuais, mas os tive. E venho garimpando uns tantos nos últimos anos, e guardando todos com as forças que tenho, sem sufocar. Limpando o quadro vez ou outra, embelezando-o mais. Sempre cheio de abraços, cheio de possibilidades quando preciso gritar – mesmo que seja o meu velho grito silencioso.

Namorei, errei, guardei bilhetes, deixei no fundo do armário lembranças, mantive contato, criei abuso, senti saudade. Respeitei, apesar de tudo. Sempre, ou quase, recebi o mesmo em troca. Nunca gritei. Quando gritaram, logo recebi um abraço forte com o pedido de desculpas. Não falei meus medos, tive muitas DRs, viajei, briguei, vi as séries preferidas, as músicas selecionadas com tanto carinho. Amei e não me arrependo disso.

Aí, eu me pergunto: tem motivo para ser triste?

[continua em breve]

"Cada pinheiro é lotado de andorinha
e o joão-de-barro adora o eucalipto"