sexta-feira, 30 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Aquilo que meu olhar guardou pra você

- Adaptação livre.

É, vai, pode ir embora. Agora, aproveita e leva os cigarros, o cinzeiro, as cinzas e os vários isqueiros velhos que ficaram espalhados pela casa. Ah, não se esquece de tirar o carregador da tomada perto da nossa cama, já que tu não vives sem esse teu celular. Nesse mesmo cômodo, pega aquele desodorante que eu não gosto muito do cheiro, o shampoo de caspa e aquela minha bermuda que você adorava usar para dormir. Ela, realmente, veste bem melhor em tu.

Tira da geladeira os sucos feitos com soja, as cervejas importadas, o vinho barato. Leva os livros de filosofia, as coleções de DVD, os jornais e revistas velhos. Fica atento para levar o teu cheiro, tuas lembranças que ficaram espalhadas em mim. Tira aquele arranhão que deixei da última vez. Não, não o deixe, apenas o jogue no lixo.

É, pode levar tudo que for teu. Só peço que me deixe, por inteiro, aqui.

"Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também"


terça-feira, 13 de março de 2012

Repetindo, repetindo, repetindo, como num disco riscado, entalado na vitrola velha, sem uso, mas ainda lá.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Girando


Dias de silêncios insuportáveis. Dias de palavras viscerais. Que passam pela mente sem censura, que chegam à boca polidas, quase sem sentido. O coração diz, a mente completa verborragicamente, os lábios tolhem. Por isso, entre batuques, silêncios, agonias e pensamentos, fico com as palavras de outros. Marcelino Freire:

"Não dá para explicar. Nem para resumir. O tanto de mal-entendidos que percorre a vida do coitado do velho – refém da sorte e a caminho da morte. Os ruídos na comunicação, os diálogos que não dialogam. A falência múltipla de órgãos. Sistemas e pilhas. Ecos de um mundo assim, digamos, cada vez mais doente. E individualista. Quem escuta quem hoje em dia?".

... toda essa vontade de morrer de amor