Até eu canso de repetições. Vim para casa maquinando umas frases, e lembrei que já as tinha escrito alguma vez, em algum dos blogs. Palavras outras. Sentido igual. Mas se esse é o caminho libertário, mesmo que temporariamente, lá vamos nós: escrever.
Escrever do que dói, incomoda. Daquilo que a gente teima em acreditar, mas que, incansavelmente, traz mostras de pouca valia. Pessoas, por exemplo. Poderia eu ter menos confiança? Entregar na medida do tempo, na medida das ações e da história?
Não. Sempre creio no melhor. Que os erros podem tomar contornos coloridos e se esvaírem. Calma, Lucas, calma. Repito. Mas sempre abro os braços. Às vezes, caio e não há o que segure.
A tristeza, nesses casos de decepção, agora ganha um contorno de raiva. Não sei qual o melhor sentimento, mas sinto que a dor passa menos tempo dessa forma. Se é assim, mesmo que soe egoísta, que seja.
Falando nisso, lembrei agora de um texto da época da faculdade. Cadeira de fotografia. Escolho a preferida da infância. Sorriso sóbrio, olhos arregalados. Um brilho que, até hoje, quero ter novamente. Inocência, de quem acha que só existe sonho, amor. Aí, vive-se, cai, perde-se um pouco do brilho. Pensa-se em esquecê-lo, deixar de ser o que era e ser o que se é.
Mas não. Ainda quero aquele brilho. Não, ele não voltará, mas fico satisfeito com seu simples contorno, com uma cópia menos colorida. Que ele fique cinza com as decepções, com os dissabores da vida. Mas que ele mostre pitadas de esperança, nem que seja de vê-lo brilhar outra vez.
"É tão difícil olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste"