sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Se não for amor, se não for paz, eu cegue


Este será mais um daqueles textos com muito fluxo de pensamentos, excertos que parecem desconexos, sentimentos, muitos sentimentos. Bem eu.

[...]

Lembro de estar numa cidade cinza, fria, e sozinho no segundo dia das férias. Cabeça a mil, saudade de sangrar o peito. Música na cabeça, imagem quase que projetada ao meu lado. Engoli o choro. Andei, andei. E foi o que mais fiz nos últimos 20 e poucos dias. Andar. Andar pra longe de mim, tentando encontrar um novo lado. Nada de avesso. A mesma forma, só que diferente.

Passei pouco mais de 20 dias admirando fachadas de prédios, as folhas (verdes, laranjas, secas), o horizonte cinza. Parei em frente a muitos quadros (Picasso, Dalí, Velázquez, Monet, Manet, Renoir, Degas, Leonardo...). Fiquei atento aos pequenos detalhes da vida. As crianças correndo, os jovens andando e digitando mensagens, os músicos dos metrôs. Sentindo o vento tocar o rosto.

Pensei muito. Ficar sozinho boa parte do dia dá nisso. Também consegui não pensar – e como é bom não pensar, deixar a cabeça apenas processar o que está acontecendo ao redor, deixar o corpo sentir as sensações exteriores.

Quando vi, minhas unhas já estavam enormes – logo as minhas, roídas incansavelmente. Para mim, isso significou relaxamento, desapego. Leveza – ou a paz de estar em paz com Deus. E quem diria que o coração pode parar de batucar por várias horas do dia e apenas bater como deve.

Eu consegui ficar bem. Com menos de uma semana de férias, eu já podia dizer: estou feliz, estou em paz. E como é bom ter isso, mesmo com uma saudadezinha a martelar.

As férias acabaram, o frio foi embora, o sol começou a aparecer antes das 6h. A vida precisou voltar ao normal, foi preciso pegar táxi, saí depois das 5h da farra. Estava tudo no lugar, tudo como era. Eu só espero não ser exatamente como era.

Ontem, tive um dia lindo, só de amor, só com amores. Cheguei em casa feliz, depois de conversa franca com um lindo casal imagético; depois de um abraço apertado, com direito a gritinhos, choros, sorrisos por causa das lembrancinhas e a confirmação de uma amizade eterna; depois de ver meu Almodóvar (menos colorido, mas ele); e depois de acabar o dia parabenizando outro grande amor.

Eu só sei que estou leve. Com algumas perspectivas, mas sem muitas expectativas. Ao nosso amor o que há de vir, como diz a música. E faça o que faça, por favor, não tirem essa paz daqui, não tirem o sorriso estampado da minha alma – ele até pode não estar no rosto, mas garanto que ele está por dentro.

E que a vida venha com tudo – e como é uma delícia esperar pelo o que o mundo pode nos oferecer.

4 comentários:

  1. Tão bom te ler/ver e saber que, sim, você está bem. Que palavras podem ser imagens e te vejo assim, com esse sorris'alma. Com a calma, com a paz. Estás inteiramente bem, Luquinhas. E isso me dá uma alegria imensa. Todos teus raios iluminados luz lucas perpassam pela tela do computador, e pelos segundos minutos horas que passei te lendo/vendo, minhas unhas, roídas e espremidas nos dedos carne, pareceram crescer misteriosamente. Nos segundos minutos horas que te li/vi também fiquei com sorriso na alma.

    te quiero!

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