sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feito pra acabar











(Ler escutando Feita pra acabar, de Marcelo Jeneci)

Este não foi um ano para retrospectivas – e nem me atrevo a criar expectativas ainda.

Este foi o ano do conhecimento, mesmo que do erro. Do permite-se, até depois do sol raiar. Do zelo, mesmo quando parecia não existir.

Este foi um ano de amar quem estava longe. Sentir saudade de quem tem um sorriso simples e um coração sem fim – mesmo que o mundo teime em tirar isso dele. Ficar triste com quem deveria alegrar e saber do valor dos momentos.

Foi um ano de trabalho – e de muita diversão com ele e com tudo e todos que eles, os trabalhos, trouxeram.

Apesar de tudo, ainda foi um ano de acreditar nas pessoas. Pelas reclamações recebidas, pelas preocupações, por saber que alguns laços não devem acabar – mesmo após algumas mancadas homéricas. Por ter feito novos laços, ter garimpado novas coisas lindas, ter recebido mensagens e apertos que não têm fim.

Por outro lado, foi um ano para saber o significado do desrespeito, mesmo digerindo os atos depois de tempos – ou não tanto assim. Um ano para saber que o amor se transforma, inclusive, no não-amar. Que é preciso tempo para digerir ações, e mais tempo ainda para ir colhendo o fruto disso tudo.

Este foi o ano do reconhecimento, pela pupila, pelo abraço, pelas mãos unidas durante o sono. Um ano que deu muito sofrimento pelas perdas, e muitos sonhos pelas perdas que se tornavam vindas e perdas e vindas de novo.

Este não foi um ano das maiores alegrias – apesar de ter como presente outras lindas alegrias na minha vida. Foi um ano de viver, gastar a sola do All Star até o último minuto – e sujá-lo bem muito, sem medo de manchá-lo, desbotá-lo.

E em 2011? Confesso que não quero repetir isso tudo. Foi bom, mas cansa. Não quero fazer pedidos, não quero esperar a vinda de nada, de ninguém. Só quero paz. Muita paz. Viver com ela já será um grande presente.

E que 2011 venha, com essa junção de uns que tanto gosto.

E que sejamos felizes até que os olhos mudem de cor, até o amanhã no qual tudo pode acontecer, esperando as luzes que são feitas para acabar, e que dentro da gente, fatalmente, nunca terão fim.

...

Para esperar 2011, ou já ir vivendo: Felicidade, também de Jeneci.


Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz.
Sem tirar o ar, sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz.
Se chorar, chorar é vão porque os dias hão pra nunca mais.

Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.

Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode aguentar.
Nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.

Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Tudo, tudo

"E você, meu amor, meu tudo...". Ela não termina a frase. Chora. Queria agradecer ao companheiro de quase quatro décadas toda a dedicação, carinho, auxílio na construção do seu império. Não finalizou as palavras, mas demonstrou o que estava sentindo com um beijo.

Talvez um dia eu consiga um amor assim.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

#minha estante


Quer saber o que eu tenho na #minha estante? Vai lá no blog da Mari Leal e descobre!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Há o perigo de derramar lágrimas quando se deixa cativar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Autóctone


Ontem mesmo eu escrevi uma mensagem falando que o amor não precisa de proximidade física, de convivência diária, longa história. Há tempos que penso em escrever posts sobre pessoas. Para retribuir outros escritos, para retomar costumes de outrora. Fiz vários textos mentalmente, nada saiu para o papel – muita coisa tem se perdido aqui dentro, mas enfim.

Ontem, falei com Tiaguinho e bateu uma saudade danada. Da alegria, das piadas sem graça que fazem rir, das conversas despudoradas. Ele, sem dúvida, é um dos poucos que me deixa totalmente despreocupado em contar algumas histórias da vida. Quando vejo, já estou na parte dos detalhes sórdidos. E tudo flui, sem frescura nenhuma.

Em algum ontem da vida, a gente estava comprando refrigerante e chocolate para curtir um cineminha. Ou falando sobre as paqueras e aventuras – oi?. Em algum hoje, a gente relembra histórias e vez por outra se esbarra para novos capítulos. Só acho que a vida merece mais páginas, mais petit gateau no Castigliani, mais saídas – sem cobranças, mas com esperanças.

Tiaguinho vai ser sempre o máximo. E mesmo que fosse uma coisa terrível, jamais seria um amigo de se desperdiçar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

invista direito!

O 2 de Ouros emerge do Tarot como arcano conselheiro para este seu momento de vida, Lucas. A idéia aqui é clara: faça coisas diferentes, permita-se à mudança, compreenda a fase atual como interessante para toda e qualquer reciclagem. Aprimorar a si mesmo significa pôr-se em movimento e até mesmo gastar algum dinheiro com cursos, viagens ou coisas necessárias à dinamização da própria vida. Encare a si como seu próprio e mais importante investimento, Lucas. Procure administrar bem seu dinheiro, canalizando-o para algum investimento sólido e positivo, pois os resultados e retornos são favoráveis. É a partir de um melhor equilíbrio financeiro que todo o resto da sua vida se harmonizará mais, até mesmo áreas mais abstratas como a espiritual e a afetiva.

Conselho: Investir em si é um investimento seguro.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vagamundo

Meu coração vagabundo, que perde a esperança de um dia ter tudo, mas que ainda será maior do que é. Meu coração já de adulto, cheio de lembranças de amores, de dores, de vultos que teimam em não deixar os meus sonhos em nuvens azuis. E os meus olhos, antes cheios de brilhos, estão mais opacos, mas ainda refletindo o que passou por aqui.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Que não seja a do seu olhar


"Dai-me uma dor que sirva para eu acordar".
"A pesar de todo, constituía casi un placer sufrir estos tormentos. Había vegetado tanto tiempo, ciego e insensible, y mi corazón había callado tanto tiempo, empobrecido y arriconado, que esta autoacusación, este horror, todo este sufrimiento espantoso del alma, eran un alivio. Eran al menos sentimientos, sentimientos ardientes en los que latía un corazón. Desconcertado, sentí en medio de la miseria algo así como una liberación y una nueva primavera".

Demian, de Hermann Hesse.

Agora é assim

Sempre optei pela simpatia. Não é falsidade, é tentativa de manter um clima saudável, ser aceito. Tenho meu jeito fechado. Ou bipolar, como escutei esta semana. Não faço cara de grandes amigos quando conheço, mas, principalmente de uns tempos para cá, tento não estar tão distante.

Perdi um pouco do medo do novo. Sobrevivo bem entre estranhos, mesmo com o silêncio. Venho fazendo o esforço pessoal de buscar a sociabilidade. Necessário para quem trabalha diariamente com o intuito de arrancar informações, novidades das pessoas. Foi uma tarefa árdua essa mudança de parâmetros. E uma tarefa mais do que necessária para as modificações que aqui borbulham.

Nesse viés, também busco exorcizar a mera simpatia para os que já mostraram não merecê-la. Sabe aquele lampejo de “só vou gostar de quem gosta de mim”? É mais ou menos isso. Ou vou continuar a gostar, mas mantendo a distância necessária para não me machucar. Porque já deu de levar tanta tapa na cara.

“...este meu breve texto seria apenas a confissão de uma emoção, a impressão de quem não sabe senão do gosto de converter a vida numa infinita escuta”. Mia Couto

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


Daqui.

É, sempre tive

Sempre tive sorte.

Sorte de ter nascido em uma família de classe média. Não precisei estudar em escola pública, trabalhar antes do tempo, sentir fome real. Tive festas de aniversário, férias em praias, dinheiro para as saídas, base para fazer meu futuro. Casa grande e pequena, cachorro, jardim na sala, passarinho perto da janela, escritório, três salas ou sala para dois ambientes, quarto para três e quarto para um.

Passei no primeiro ano de vestibular, em uma faculdade pública. Consegui estágios remunerados, fiz três cursos de língua, sonhei com cinema, jornal, internet. Tive dinheiro para xerox, bares, comprar livros. Coca, chocolate e filme no cinema. Teatro e shows. Estava com roupa nova na colação de grau, e ganhei um jantar de comemoração para amigos e familiares.

Consegui meu primeiro emprego um dia após apresentar meu projeto de conclusão de curso. Apesar dos problemas no caminho, só fiquei desempregado durante quatro meses, por opção. Apesar de salários, em minha opinião, não condizentes que o ofício, consegui obter o suficiente para o sustento de quem ainda mora na casa dos pais. E poupei o possível vislumbrando um futuro.

Sempre fui amado. Ganhei beijos e dormi abraçado com os primos, independente do sexo – e sem frescura ao ler isso, por favor. Recebi declarações de amor rasgadas dos tios. Os primos, mais uma vez, sempre me exaltaram – os tios também. Em casa, apesar da distância com os irmãos, sempre houve respeito – tirando a fase de piralha, né! O apoio dos pais sempre existiu. A cumplicidade com a minha mãe ainda perdura.

Até amigos sempre tive. Posso não ter trazido os primeiros para os dias atuais, mas os tive. E venho garimpando uns tantos nos últimos anos, e guardando todos com as forças que tenho, sem sufocar. Limpando o quadro vez ou outra, embelezando-o mais. Sempre cheio de abraços, cheio de possibilidades quando preciso gritar – mesmo que seja o meu velho grito silencioso.

Namorei, errei, guardei bilhetes, deixei no fundo do armário lembranças, mantive contato, criei abuso, senti saudade. Respeitei, apesar de tudo. Sempre, ou quase, recebi o mesmo em troca. Nunca gritei. Quando gritaram, logo recebi um abraço forte com o pedido de desculpas. Não falei meus medos, tive muitas DRs, viajei, briguei, vi as séries preferidas, as músicas selecionadas com tanto carinho. Amei e não me arrependo disso.

Aí, eu me pergunto: tem motivo para ser triste?

[continua em breve]

"Cada pinheiro é lotado de andorinha
e o joão-de-barro adora o eucalipto"

sábado, 30 de outubro de 2010

Engenho, bagunças e outras alegrias...

Das pequenas alegrias, dos grandes esforços, dos caminhos e do arruma e desarruma.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

momento de voar

A hora é esta, Lucas: arriscar-se, atirar-se destemidamente na direção do novo. Ainda que muitas pessoas possam se apavorar e tentar lhe demover daquilo que sua alma interpreta como um novo impulso criativo, não se incomode. As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças. Mas O Louco, arcano zero do Tarot, vem lembrar que, eventualmente, alguma loucura é mais do que bem-vinda! Ponha sua vida em movimento e lembre-se que é sempre momento de recomeçar. Evite o medo e não espere as coisas tomarem uma forma “certa” para agir. Vá!

Conselho: Momento de se atirar em novas direções, sem temor.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ah?


"Ainda é quando a vontade está no meio do caminho".

* Adriana Falcão, em Mania de Explicação.

domingo, 24 de outubro de 2010

- e o amor se agradece? ^^

- por formalidade! na verdade, se retribui.

sábado, 23 de outubro de 2010

A tristeza não me merece

Adoçando.

Motivos

Procurei
Uma “batida diferente”
Pra traduzir o que bate em meu peito
Ninguém melhor do que o samba
Pra batucar o que eu sinto
Pra você eu fiz esse disco
Pra você ouvir bater o meu jeito

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sem visto

Foram negados o abraço e o adeus. Fiquei com a bossa no som.

"And this old world is new world and a bold world for me".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Brilha, brilha, estrelinha

É TEMPO DE BRILHAR!

O Sol é o arcano que tudo ilumina e, na posição de conselho para você neste momento, sugere que é chegada a hora de você jogar claramente e agir com o máximo de confiança possível. A luz afugenta a escuridão e tudo é visto da forma mais transparente, honesta e franca possível. Obviamente, muito do que aparece nem sempre é de todo agradável, mas ao menos você estará lidando com tudo de uma forma justa e, a partir de uma visão clara, Lucas, o que por si só já é uma prerrogativa de sucesso. A postura mais adequada ao momento é a direta e franca. Tenha confiança no seu taco pois, a partir desta confiança, tudo fluirá a contento!

Conselho: Momento de agir com confiança! Siga em frente!

"Para fazer sorrir O MAIS FORMOSO
Lavei com a língua os cascos
E as feridas. Sanguinolenta e viva
Esta do dorso
A cada dia se abre carmesim".

* Hilda Hilst, Mula de Deus, em Estar sendo. Ter sido.

suave coisa nenhuma


sábado, 16 de outubro de 2010

Meu erro

Lembro de uma cena de Má Educação. O padre e o antigo aluno. O primeiro rezando a missa. Entre as frases proferidas, “por mi culpa”, quando o outro rebate: “por tu culpa”. Um joga-joga de responsabilidades.

Eu, contudo, declaro minha culpa, minha inteira imersão nos fatos. Minha culpa no sentido de feitura e minha culpa no sentido de meu erro. Melhor assim, saber-se senhor dos seus passos, o mínimo que seja, com perdas, erros e danos.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Se eu chorar amanhã, não tente me afagar, parar minhas lágrimas ou me fazer sorrir. Não será tristeza. Uma alegre melancolia, talvez. Um banho de ontem e hoje. Tudo dentro do que quero.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Linhas tortas

"Nesta específica fase da sua vida, você possui a amplitude de perspectiva suficiente para criar novas morais para as suas histórias".

Personare

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caminhando por novas terras sempre que possível. Carregando apenas pequenos sonhos na bagagem.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Do lado esquerdo

- do peito?

- é?

- onde você guarda os amigos?

- guardo no corpo todo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Do lado esquerdo

Uma certa preguiça de escrever - fazendo isso demais para outros fins. Preguiça de pegar o telefone e fazer ligações ou mandar mensagens - exceto por motivos profissionais. Vontade de receber visitas ou chamadas do nada, só pelo prazer da surpresa. Consumido por muita saudade, mas esquecendo-a para viver um pouco mais em paz comigo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Flutua

"Vinicius, por exemplo, era leve, tão leve que chegava a ser leviano na gravidade de suas paixões. Tom Jobim era leve. Vinicius e Tom eram leves e engraçados. Ser leve e ser engraçado era uma característica daquela geração".

* Affonso Romano de Sant'anna, Elogio da Leveza, em Tempo de Delicadeza.

domingo, 26 de setembro de 2010

Acaso

Para agitar a vida, passo uma semana em crise. Acordo mais cedo do que o habitual. Frio gélido na barriga. Incertezas e achismos desmerecedores. Alegria cortada por palavras que se chocam. Completando, pitada de ressaca física e moral.

Uma semana depois, o dia vislumbra céu com nuvens, mas sem precipitações. Escrevo e chego ao objetivo. Abro e livro e, não creio, lá estava o que precisava para outras linhas.

E como disse o Personare: preciso deixar a felicidade entrar, sentar e tomar conta dos rincões. Todos. Vocês me ajudam?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Tudo esclarecido

De Alice Ruiz:

tudo esclarecido
entre as coisas
e os seus
sig
ni
ficados
o que se viveu
tá vivido
o assunto
virou passado
e o que passou

esquecido

entre as coisas esquecidas
estão as melhores lembranças
entre as coisas perdidas
estão os grandes achados

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que me importa

A verdade

"Preciso separar o torto do direito, procurar a verdade, preciso que a verdade exista, mesmo que seja a verdade do meu mundo e do meu modo. Que não seja apenas coerência. Uma história que se feche, uma teoria que se prove, um discurso que se abra. Não falo de literatura, psicanálise ou filosofia. Todo fim é leve, por ser fim, e a leveza não tem sido meu caminho".

* Beatriz Bracher, em Azul e Dura.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Feriado pessoal


Neste feriado pessoal, tento aproveitar a falta de inquietação interpondo cochilos aos filmes de Almodóvar. Fui lá no começo, em 1978, na fase dos curtas, seguindo pelos quatro longas de estreia. Os dois primeiros trazem os ares da movida espanhola, movimento composto pela cultura alternativa, underground. Aqui, a extravagância está nas vestimentas, no cabelo, mas ainda faltam as cores e o humor já característicos.

Um melodrama e uma tragicomédia neorrealista depois, fiquei deliciado com os embriões que deram sentido a parte da filmografia amada por mim. Pelos rostos [Carmem Maura, Chus Lampreave, Marisa Paredes, Banderas], por algumas frases que estamparam películas seguintes, pelas músicas que tanto doem no coração.

O que segue até hoje, creio, é a acidez para tratar a humanidade. Uma criança de 11, 12 anos afirmando sua sexualidade, e praticando-a, se é que você me entende; outra de 14 anos traficando. Tudo tão natural e as vistas dos pais. Além disso, freiras adictas, incestos, masoquismo. Sem frases de efeito, sem moral de história. Uma vida como ela é – mesmo que nos recônditos.

Como ainda há tempo, lá vou eu seguir a maratona. Doses de Almodóvar na veia, sem precisar estar no submundo. E fazendo meu mundinho atual, recheado com um pouco de imagem, um pouco de leitura, uma pitada de calma e um desejo dilacerante de me satisfazer, mas sem me machucar.

* Imagem de Laberinto de Pasiones [1982]. Ao fundo, Banderas.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pião

Nunca deixei cair. Ele roda, roda, roda. Fica no seu eixo, passeando por de outros. A velocidade é um mero detalhe. Pensa-se que as leves sensações de queda são, na verdade, o ponto de fim, de perda. Não. São momentos de descanso e de pequeno desleixo, sem que se esqueça a hora exata de aumentar o ritmo dos rodopios.

Roda, roda, roda. Uma brisa leve revigora a pele seca, cansada. E tudo volta a correr, correr, no ritmo frenético para a bela dança dos rodopios. E, assim, tudo continua nos eixos. Sem quedas, sem fissuras. Rodando.

domingo, 29 de agosto de 2010

Codinome


"não quer mais senão escrever teu nome.
E ainda que o cale meu sombrio amor
mais tarde o dirá a primavera".

* Pablo Neruda, XCVIII, em Cem Sonetos de Amor.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tom em tom

Tenho pensado muito em tons, nas minhas adaptações de acordo com os ambientes. Creio ter passado, em alguns momentos, de um silêncio discreto a um palavreado ácido e irônico. De um sentimentalismo exacerbado ao despreocupado falar despudorado.

Minha intenção, ou melhor, minha preocupação não é agradar. Talvez seja de ser inserido em novos contextos, experimentando sucos que podem ser doces. Alguns até são, mas já percebi que logo azedam. Outros são tão bons, mas não consigo me encaixar literalmente neles.

Penso nisso agora na vontade de encontrar o tom entre o não e a imposição singela. No desejo de ligar pontos sem sair de uma reta.

* Ler escutando Aquela, de Marisa Monte.

Liga e desliga

domingo, 22 de agosto de 2010

Abrazos rotos


Levei um bom tempo para ver o último filme de Almodóvar. Passado o turbilhão de motivos para isso, e imerso em um possível trabalho da pós, finalmente assisti à película. Precisei digerir por um tempo a história para decidir pelo gostei. Faltavam cores, núcleos secundários de personagens, surrealismo. Mas, de fato, apresenta o novo caminho que o espanhol vem galgando desde Fale com Ela.

A paixão exacerbada, a trilha sonora dita brega e as frases de efeito continuam. Contudo, os personagens femininos, aqui, dão lugar a um macho alfa onipresente – até o lado gay da história é recalcado.

A narrativa versa sobre a paixão de um diretor por uma atriz de seu filme, e os desdobramentos [ciúme, tragédias] que isso provoca. O tom é mais clássico, o figurino é impecável e Penélope continua estonteante como sempre. Delicioso também ver a homenagem feita a Mulheres à beira de um ataque de nervos. No fim, achei que a película funciona como uma homenagem ao universo recriado do autor e ao amor exacerbado dele pelo cinema. Singelo e bonito, em resumo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Tempo


Preciso largar a mania de queimar etapas. Não segurar o choro se ele vier, esquecer o dia final da viagem quando ainda estamos no primeiro dia, deixar o receio profissional para quando ele realmente for necessário.

Aprender, também, que amor é uma construção, leva tempo para ser, às vezes mais ainda para deixar de ser. E que nada, nem ninguém, substitui uma ausência, a não ser a dor, substituída depois pela calmaria do tempo e pela cicatriz da lembrança.

domingo, 15 de agosto de 2010


"Ay! lo que estuvo tan cerca
sin que pudiéramos saber.
Ay! lo que no podía ser
cuando tal vez podía ser".

* Pablo Neruda, El tiempo que no se perdió, em El corazón amarillo.

sábado, 14 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

domingo, 8 de agosto de 2010

Fiquei sem voz hoje. Mas continuo cheio de ideias e esperanças.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Help, i need...

Bom receber atenção de quem não se espera, nem se conhece direito. Sei que não é um tratamento especial, um olhar redobrado. É o cerne, que pode não aparecer quando não se quer. Louvável a atitude, a filosofia de vida. E parafraseando Blanche Dubois, de um Bonde Chamado Desejo: eu sempre acreditei na bondade de estranhos.

domingo, 1 de agosto de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Grande excerto

Certas risadas personificam exatamente a plenitude de alegria daquela momento. Eu rio.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Branco


O teu lado da cama fica levemente bagunçado sempre. Desarrumo tudo antes de abrir os olhos, como se tu tiveste saído mais cedo, antes de um doce beijo de olho.

* Foto daqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O cravo brigou com o cravo

Desde então, eles não sabem mais respirar sem sentir uma pontada dos espinhos.

domingo, 25 de julho de 2010

Tudo a tua cara

“às vezes, bate uma saudade besta de tu, mas nem sempre eu digo, pra tu não ficar se gabando demais! Hahaha! eu sei que ando meio ausente, mas eu espero que tu saibas que minha ausência não significa que não te amo ou que te amo menos, sabe? preciso dizer que te amo? às vezes, eu acho que dizer isso ficou meio batido, mas eu também acho que às vezes a gente precisa dizer, né? pra tu nem pensar em desconfiar do contrário, e tal e pra tu nunca esquecer também. ;*”

Tão longe, tão perto. Sempre. E fico relendo os recadinhos para sorrir um pouco mais.

Primeiro dia

Dormir muito, muito. Acordar no entre, por mensagens, por ligações [no visor aparece: Não Atender], para beber água. Começar um domingo cedo. Um domingo com cara de cinza, um domingo de frio.

Hoje é um daqueles dias de silêncio e muita reflexão. Há toda a vontade de receber um chamado, uma visita surpresa que o tire desse torpor. Mas a necessidade mesmo é aprender a lidar com a solidão.



“É invariavelmente no domingo que lembramos de uma música melosa, de um jeito especial de fazer massagem no pé, da honestidade de alguns sentimentos”. F. de G.

terça-feira, 20 de julho de 2010

E duvidei

Duvidei de tudo um pouco. Menos da minha força de amar, mesmo errando.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Rasgando

Os nós

Amar dói ao extremo. Cansa. Dá vontade de mais e mais, mesmo com o sofrimento. Mesmo vendo a pessoa amada com alguém – que pode mudar para outra, que pode voltar para si.

Esses encontros e desencontros deixaram-me triste na última sexta, quando vi o espetáculo de dança Entre Nós. Saí de casa no escuro. Recebi o convite, fui. E fui me encolhendo na cadeira, escutando músicas interpretadas por Maria Bethânia, todas falando de amor. Vi os olhos dos atores/dançarinos, expressivos, tristes. Prestei atenção em cada passo, gesto. Tudo de uma tristeza tão bonita. Cerca de 45 minutos de dores. E não saí arrependido.

O espetáculo, com Juan Guimarães [o único que consegui achar no twitter], está em cartaz no Barreto Júnior, todas as sextas, às 20h. Mais informações, na matéria do Diário de Pernambuco.

domingo, 18 de julho de 2010

Os conceitos da pós-modernidade precisam ser digeridos. Manual, please?

quarta-feira, 14 de julho de 2010



Preciso fazer um check-up médico urgente. Antes que essa pressão suba mais. Antes que esse coração queira tocar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"mas não diga nada a ninguém"

"Carlos, sossegue o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será [...]"

Carlos Drummond de Andrade, Não se mate, em Antologia Poética

Para variar as cores

Semana de pós é quase sempre assim. Aflora novas vontades de vida, como ser expert em o que é cultura, ou ler todas as peças russas do início do século XX e, no momento, ser um grande conhecedor das artes plásticas.

Com essas vontades surgem o momento “preciso comprar um livro novo sobre isso”. Dessa vez, felizmente, consegui uma super promoção para sanar meu desejo. Há um bom tempo, o site da Americanas estava com uns livros de arte da editora Taschen a preços camaradas. R$ 12,90, cada.

O que eu mais queria estava esgotado, mas tinham outros interessantes e, só hoje, com mais 15% de desconto! Ou seja: dez livros da coleção (sendo três para presente), mais um outro para ajudar na minha vida profissional, por R$ 140!

Quem estiver com alguma reserva, ou precisar comprar algum livro, super indico. Sem falar que, dependendo do valor, o frete é grátis. E ainda dá para pegar em uma das lojas físicas sem pagar pela vinda também.

domingo, 11 de julho de 2010



O que me deixa triste é ainda achar que as pessoas têm bons sentimentos, que elas seriam incapazes de me machucar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Falta presente

20 anos. E eu que nem sabia que era, mas que já chorei e ri muito com ele.

"Preciso voltar e olhar de novo aqueles dois quartos vazios".

Ana Cristina Cesar, A teus pés

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fragmentos


Sempre me interesso pela melancolia. Pela interrogação estampada no rosto.

___

Acordei com o coração tão acelerado hoje que pensei estar em pleno processo de infarto. Mas entendi que meu mal é infartar um pouco a cada segundo.

* Quadro de Paul Klee, intitulado Letter Ghost

Pausa do dia - 2

Todo dia escuto alguma[s] pérola[s] no trabalho. A de ontem foi cavalo raceado. Algo relacionado à mulher, mas prefiro não dar a explicação completa.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pausa do dia

Saber quando uma fofoca tem a possibilidade de queimar ainda mais uma pessoa, e você é proibido de contar? [...] É barra. =/

Eu compro, tu... Eu compro

Complicado superar essa fase consumista. Recebo praticamente todos os dias alguma newsletter com algo interessante que cairia muito bem nos novos cabides do meu guarda-roupa. Entre as últimas sugestões, a camisa abaixo, que remete à famosa foto do álbum Abbey Road, de uma banda chamada Beatles.


O produto, que estava esgotado, é da Camiseteria. A loja tem opções ótimas, preço razoável, com frete grátis a partir de R$ 80, e programa de pontos que é revertido em descontos. Tenho três camisas de lá e indico muito.

Como o assunto é camisa, lembrei da Nonsense, com estampas da louca Gaga e do filme Karate Kids, pegando carona na refilmagem do clássico. Aqui os preços são mais salgados, não há camaradagem com o frete e o estilo é mais pop.


Para acabar meu momento consumista, aviso: a Adidas do Plaza Casa Forte está lotada de tênis legais com descontos de mãe. Se eu não tivesse prometido gastar um valor X a partir desse mês, já estava com mais um par de tênis na minha coleção - como esse abaixo, disponível lá na cor verde!


domingo, 4 de julho de 2010

Segunda parte

O Personare, há pouco mais de um mês, deu a dica: escreva. Quer falar, expor sentimentos, situações? Não fale, escreva. Assim, seria mais fácil pensar e analisar com parcimônia a situação.

Escrevi muito. Em casa, no trabalho, no trânsito ou em festas, após beber um pouco [muito]. Tudo bem guardado nos rascunhos do meu e-mail. Poucos dos desabafos foram enviados a algum destinatário. Quando enviei, recebi respostas calorosas ou comentários posteriores taxando de drama tudo que disse.

Mientras tanto, quis chorar e não consegui. Apelei para livros, filmes e músicas, e nada me abalou. Mientras tanto, mandei mensagens de celular, andei sozinho, pensei muito e vi meu humor à beira de um ataque de nervos.

Segundo semestre chega, inferno astral acaba [?] e tento escrever. No formato de diário virtual, mais uma vez. Em outro endereço, mais uma vez. Vou tentar não esperar nada disso [nem de nada, ninguém]. Só vou tentar escrever. Quem sabe não volta a me acalmar? Quem sabe não volto a gostar da escrita? E que o vento realmente trace algum caminho.

Primeiro passo

Ainda estava claro quando eu pensei nisso.