segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sou surpreendido quase que diariamente por fatos que me tocam - para o bem ou para o mal. A ligação que a gente não esperava e que nos deixa com um sorriso bobo e sem palavras para exemplificar a alegria daqui para quem está do outro lado da linha. Por outro ângulo, as frases monossilábicas e as atitudes sem sentido de quem você menos espera - e por situações que não valem a pena pensar.

Mais uma vez, hoje, me perguntaram se estou no inferno astral. Respondo que não. Acho que estou sempre entre os sabores e dissabores de quem sente demais - e o tempo todo.

domingo, 29 de maio de 2011

Duas canções de silêncio

Por Vinícius de Moraes

Oxford
Ouve como o silêncio
Se fez de repente
Para o nosso amor

Horizontalmente...

Crê apenas no amor
E em mais nada
Cala; escuta o silêncio
Que nos fala
Mais intimamente; ouve
Sossegada
O amor que despetala
O silêncio...

Deixa as palavras à poesia...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O que era nosso

Aí, hoje, quase que sem querer, a música tocou na rádio. É, aquela que escrevi pra tu, logo no começo. Acho que entreguei em mãos. Busquei agora e vi que também mandei por e-mail – não perco essa mania de querer deixar tudo eternizado. Pois então, tocou. Coisa boa, né? Lembrei de um tempo, lembrei de você, mas só as partes legais. Bom assim, né? Quando a música ainda significa aquilo e ganha novos contornos. Quando você ainda consegue estar em mim assim, em formato de amor sincero, do jeito que o momento pede.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Da tristeza da minha alegria

Até eu canso de repetições. Vim para casa maquinando umas frases, e lembrei que já as tinha escrito alguma vez, em algum dos blogs. Palavras outras. Sentido igual. Mas se esse é o caminho libertário, mesmo que temporariamente, lá vamos nós: escrever.

Escrever do que dói, incomoda. Daquilo que a gente teima em acreditar, mas que, incansavelmente, traz mostras de pouca valia. Pessoas, por exemplo. Poderia eu ter menos confiança? Entregar na medida do tempo, na medida das ações e da história?

Não. Sempre creio no melhor. Que os erros podem tomar contornos coloridos e se esvaírem. Calma, Lucas, calma. Repito. Mas sempre abro os braços. Às vezes, caio e não há o que segure.

A tristeza, nesses casos de decepção, agora ganha um contorno de raiva. Não sei qual o melhor sentimento, mas sinto que a dor passa menos tempo dessa forma. Se é assim, mesmo que soe egoísta, que seja.

Falando nisso, lembrei agora de um texto da época da faculdade. Cadeira de fotografia. Escolho a preferida da infância. Sorriso sóbrio, olhos arregalados. Um brilho que, até hoje, quero ter novamente. Inocência, de quem acha que só existe sonho, amor. Aí, vive-se, cai, perde-se um pouco do brilho. Pensa-se em esquecê-lo, deixar de ser o que era e ser o que se é.

Mas não. Ainda quero aquele brilho. Não, ele não voltará, mas fico satisfeito com seu simples contorno, com uma cópia menos colorida. Que ele fique cinza com as decepções, com os dissabores da vida. Mas que ele mostre pitadas de esperança, nem que seja de vê-lo brilhar outra vez.

"É tão difícil olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste"

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Seguir o ar

Eu sou do tipo que passa muito tempo maturando informações. Sou capaz de lembrar frases de e-mails escritos/recebidos há metade de uma década. Às vezes, o fato não faz mais nem sentido, não há mais ligação nenhuma entre os interlocutores, mas fico pensando e criando situações para “resolver” a questão.

Uso muito o “se”. Sou paciente, apesar de taxado como instável – acho que é uma questão de saber envolver. Hoje, perco a paciência fácil. O mesmo acontece para pegar abuso de pessoas. Aprendi a mostrar mais minhas emoções ruins: ser chato, dar fora, não engolir certos desaforos.

Escuto, há algum tempo, um conselho, e teimo em me fazer de rogado. Semana passada, escutei novamente, de quem nem conhecia. Chegada a hora de deixar de ser? É. Hora de deixar a estrada escolher seus outros rumos – mesmo sentindo que alguns esforços continuam sendo como se estivesse em uma batalha entre dois mundos.

Oficialmente, eu já estaria no meu inferno astral. Acho que já o tive tanto este ano. Agora, mesclo minha bipolaridade, mas, especificamente há uma semana, teimo em sorrir, apesar dos problemas, dos entraves, dos desenlaces. Hora de sorrir? Sim, verdade. Fácil? Não mesmo. Mas preciso abrir as portas para os bons ventos entrarem. E fechar as janelas para evitar que a poeira volte a inebriar.


“E hoje que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
Que por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmolambado
Seguirei sempre cantando
Na Batucada da vida”

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lulu dela

[escrito ontem]

Passei o dia com palavras na cabeça. Foi só sentar aqui, veio o nó. Inventei de lembrar da última vez que nos vimos. Não teve troca de olhares. Só ela de costas, meu beijo na sua cabeça, as mãos acariciando rapidamente os cabelos lisos e grisalhos. Uma semana depois, a beijei, alisei seu cabelo, mas ela não podia mais me chamar de Lulu. Ainda bem que eu continuo podendo ser o Lulu dela.

Alzira, minha velha ou qualquer codinome que nos unisse fez as tardes da minha infância serem recheadas com vitamina de banana, tapioca feita na hora, dida chupada na calçada, para interagir com o povo da rua. Teve uma filha, criou mais um casal (minha mãe, inclusive, que, na verdade, é sobrinha). Sete netos, um bisneto. Nada de muita frescura, o carinho era do jeito dela. E todos brigavam para dormir com ela na cama de casal. Sempre.

Talvez ela seja a saudade que mais dói por aqui, dentre tantas e tantas. Um pouquinho mais sabendo que amanhã [hoje] seria de comemorar nova idade. O único choro consciente que ainda se abre no peito, no momento. E a vontade imensa de poder dizer um último (será que eu disse alguma vez?) eu te amo. Chamar de Velha, Zira, Mãe. E escutar o grito que era meu, só meu. Lulu.

“Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer”

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cicatriz e cicatrização

Eu sou assim – apesar do incômodo que isso gera. Uma manhã e tarde de melancolia. Tristeza, até, depois de uma semana todo alegre, saltitante, esperançoso. Aí recebo boas novas de duas pessoas que merecem cada segundinho de felicidade. Isso, de certa forma, muda o meu humor. Sai essa tristeza/melancolia, fica um rapaz um pouco silencioso, mas levemente feliz e esperançoso pela felicidade alheia – e para que chegue seu momento de ser mais pleno (porque nem tudo é um mar de problemas, né!).

E entre um gole e outro, uma lembrança e outra, uma saudade e outra, vamos construindo um castelo bem irregular. Mas que, apesar dos percalços, me deixa orgulhoso. Porque também é bonito exibir cicatrizes. A cicatrização também.
Talvez esse fosse o grande problema: sempre esperar algo no dia seguinte. Nem que fosse a percepção de que o dia anterior de nada valera.